Como forma de nos despedirmos do ano de 2007 penso que é tempo de um balanço daquilo que tem sido o trabalho e trajecto dos escolas do SC Coimbrões.
O início foi complicado.
A equipa técnica só chegou ao clube a mais de meio de Setembro, duas semanas antes do primeiro jogo oficial.
Este facto não nos permitiu escolher os elementos do plantel, não permitiu um trabalho de base para preparar a equipa para a competição, nem tão pouco permitiu a solidificação de um modelo de jogo com tempo e paciência.
Em duas semanas foi preciso conhecer o modo de funcionamento do clube, ter conhecimento do material disponível para treinos e jogos (no fundo conhecer os cantos á casa)e também avaliar todos os atletas, estabelecer quem ficaria no 11 e quem ficaria no 7, começar o trabalho técnico com estes atletas, faze-los compreender a nossa filosofia táctica, faze-los ganhar atitude competitiva (sim, porque a maioria nunca tinha jogado futebol de competição), criar uma relação de respeito e abertura com os pais, etc.
No fundo foi preciso fazer em duas semanas o trabalho que normalmente se faz em mês, mês e meio.
Não foi fácil.
Desta forma, o primeiro passo foi criar espírito de grupo e um espírito de compromisso.
Espírito de grupo de forma a criarmos uma relação saudável entre todos, onde é um por todos e todos por um. Espírito de compromisso como tentativa que estes meninos visualizassem objectivos e se disponibilizassem de forma responsável a atingi-los com seriedade e trabalho.
Foi uma “mini” pré-temporada muito interessante, de conhecimento mútuo e ,modéstia à parte, conseguida de forma brilhante, pois conseguimos “queimar” etapas sem prejudicar o desenvolvimento e evolução destes atletas.
Partimos para a competição do futebol de 11 e aquilo que agora estou em condições de “avaliar” é que a equipa entrou (naturalmente) muito verde e muito ansiosa.
Era a primeira experiência em jogos a doer, a primeira vez que iriam ter que respeitar posições e filosofias de jogo.
Como tal notou-se alguma desorganização, muita ansiedade e sobretudo falta de experiência. Também da nossa parte, fica a sensação que ainda não conheciamos bem o plantel, como encaixar alguns elementos, etc.
Os dois empates no início da época (embora um tenha sido tremendamente injusto) acabaram por ser um mal menor, pois conseguimos amealhar 2 pontos numa altura em que ainda nos estavamos a conhecer e a preparar para a competição.
É curioso também perceber que o ponto de viragem desta equipa foi exactamente no empate em casa frente ao Arcozelo. Um jogo onde só os “Deuses” nos impediram de ganhar, mas em que ficamos com a clara sensação que deveriamos incutir nos nossos jogadores uma vontade de dominar, de pressionar. Criar dessa forma uma dinâmica de vitória e de coragem.
Daí em diante decidimos jogar com as linhas bem subidas de forma a pressionar todos os adversários. Começamos ,sem dúvida, a ganhar identidade.
O resto do trajecto é o que todos sabem. Um trajecto feito em crescendo, com dois acidentes pelo caminho, mas repleto de boa disposição, muito trabalho e sobretudo muita humildade e respeito pelos adversários.
Acabamos a primeira volta com 23 pontos.Um registo muito significativo em comparação com a temporada anterior (única temporada da qual possuo dados). 14 golos marcados, 8 sofridos.
A mágoa que me fica é ,sem dúvida, um número de golos marcados que não espelham nem de longe nem de perto a filosofia ofensiva e as oportunidades de golo que temos registado em praticamente todos os jogos. Em termos de golos sofridos fica-me também a mágoa dos nossos atletas terem perdido 3-0 com o Oliveira do Douro. Números excessivos, num jogo que se acabasse num empate não escandalizaria ninguém.
Em termos de avaliação colectiva creio que hoje a equipa está mais madura e desenvolvida. Posicionalmente estamos mais regulares, a equipa funciona como um bloco e a pressão alta está bem incutida em todos os jogadores. Teremos que rever as nossas primeiras partes que continuam a ser “tímidas” e o rigor defensivo que ainda não está a 100%.
Em termos individuais ,por razões óbvias, não gostaria de particularizar. Mas a título de exemplo (e poderia dar mais) saliento o progresso do Ricardo Carvalho quer em termos futebolísticos quer em termos de balneário. No campo tem pautado as exibições por um registo pleno de confiança, no balneário já se ouve a sua voz e já interage com os treinadores.
Para não individualizar mais, deixo também uma referência ao crescendo de forma do nosso “duracell” Samu e ao registo cada vez mais seguro do Nuno Araújo, que fruto de uma personalidade mais fechada demorou a impor a sua qualidade. Mas realço que todos os outros também têm demonstrado forte evolução.
Só lamento as constantes ausências do João Moutinho que têm prejudicado um pouco o seu desenvolvimento futebolístico.
A competição do Futebol de 7 arrancou mais tarde.
O sorteio foi madrasto. Se é verdade que já esperavamos dificuldades para o futebol de 7, pois ficou estabelecido entre direcção e equipa técnica que os atletas mais novos iriam jogar no 7, foi o sorteio que trouxe a dificuldade maior.
Na nossa série concentraram-se as principais equipas do distrito. As equipas tradicionalmente fortes como FCP e Boavista e ainda as equipas que prescindiram do futebol de 11 para colocar a sua equipa de sub11 no futebol de 7 como o Paredes (líder e próximo adversário), Freamunde, entre outros.
Também a distribuição dos jogos levantou problemas. A maior parte das deslocação do fut7 coincidiram com as do fut11. Caso tal não tivesse acontecido seria mais fácil á equipa técnica marcar presença nos jogos de fut11 (série com equipas de Gaia e portanto com deslocações mais curtas) e em seguida nos de 7. Infelizmente não foi possível e por vezes é preciso sair a correr de um qualquer ponto de Gaia para Paços de Ferreira, Freamunde, etc. Muito complicado.
De qualquer forma a equipa foi à luta.
Prescindimos de um trabalho mais táctico pois não nos parece ,de modo algum, o mais importante para o desenvolvimento de um atleta com 8,9 anos, e apostamos sobretudo na potenciação da relação com bola, na capacidade de um para um, na melhor capacidade de passe e remate, na coordenação motora. Serão esses os instrumentos que permitirão a estes meninos encararem a competição de futebol de 11 na próxima época com outra confiança e com outra qualidade, naquela que será a etapa que antecederá a passagem para o escalão de infantis, escalão esse onde passarão por nova triagem de qualidade.
Sei que poderá fazer alguma confusão aos encarregados de educação uma menor preocupação com a organização táctica, algo que fragiliza a equipa nos jogos do campeonato de fut7, mas acreditem que será uma aposta ganha, dou a minha palavra.
Os nossos meninos têm disputado jogo a jogo com grande vontade, alegria e fair-play. Nas vitórias, nas derrotas...temos tido sempre a mesma postura, uma postura de apaixonados pelo futebol.
A capacidade de encaixe destes miúdos surpreendeu-me imenso, ganharam ,sem dúvida, a minha admiração!
Não vou fazer grande balanço em relação ao campeonato, apenas frisar que vencemos as duas equipas do “nosso” campeonato e poderiamos com mais tranquilidade e arte ter vencido o Paços de Ferreira. Espero que o consigamos em casa.
Em termos individuais os progressos têm sido imensos e a prova é a forma como os meninos de 7 que têm sido chamados ao fut11 têm correspondido à exigência e à pressão.
Em termos individuais não gostaria, mais uma vez, de particularizar. Mas destaco a postura do nosso “Lucho”, a maturidade do Pedro ou a irreverência do nosso Luisinho. São meros 3 exemplos da qualidade que temos na nossa equipa de fut7 e daquilo que esta equipa poderá alcançar no futuro.
Futuro
Nesta despedida de 2007 falta-me ainda pedir desejos.
O primeiro e principal desejo que deixo para 2008 é que estes meninos continuem a jogar à bola com a alegria e a pureza com que o têm feito até agora. Dá gosto ver o brilho nos olhos destas crianças.
A nível pessoal espero continuar à altura destes meninos e espero continuar a sentir o mesmo “gozo” que sinto actualmente em orientar estes campeões.
Em relação aos pais. Tenho assistido a uma cumplicidade enorme entre todos eles. Naquilo que é uma espécie de competição entre os atletas para jogarem mais tempo que os restantes companheiros, tem sido o exemplo dos pais o melhor exemplo para que estes meninos percebam que o colectivo está acima de tudo.
Todos os pais (os dos que jogam mais e os dos que jogam menos) têm “sido” presentes, têm apoiado e têm acarinhado equipa técnica e atletas.
Continuem!!!
Ps: Como desejo especial...arranjem uma gaita para fazer mais barulho nos jogos hehehe.
Em relação à direcção espero que sejam mais sensíveis aos problemas com que nos temos debatido (sobretudo no que diz respeito ao futebol de 7), que apoiem o mais que puderem estas jovens crianças, pois têm sido elas uma das grandes bandeiras do SC Coimbrões na temporada 07/08 não só pelos resultados, mas pela forma disciplinada e honrada com que se têm batido, pela forma optimista com que têm ultrapassado os problemas que vão surgindo, e também pelo brilho nos olhos e pela honra que demonstram em representar o SC Coimbrões sempre que entoam o nosso grito de guerra!
Os escalão de escolas costuma ser o parente pobre da formação dos clubes, mas são a base da pirâmide daquilo que é a formação. E sem uma boa base não há “estrutura” que resista.
Acarinhem-nos como deve ser. Proporcionem-lhes as melhores condições possíveis. Eles merecem!
Os votos de um fantástico 2008, com muita saúde, paz e sucesso para todos!
Quem é que nós somos? Coimbrões, Coimbrões, Coimbrões,
O que é que nos queremos? Ganhar, Ganhar, Ganhar !
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